BOLSONARO NO G20
O presidente Jair Bolsonaro se reuniu nesta sexta-feira com os presidentes Donald Trump (EUA) e Emmanuel Macron (França), durante o encontro do G20 em Osaka, Japão. A conversa com o líder americano, em uma reunião bilateral, girou em torno da necessidade de “asfixiar” financeiramente aliados do regime de Nicolás Maduro para alcançar uma “solução democrática” para a Venezuela. Dentre as possíveis medidas, os mandatários discutiram a possibilidade de cortar “o apoio econômico” aos países que aportam recursos à Venezuela, afirmou o porta-voz de Bolsonaro, general Otávio Rego Barros. Segundo ele, os dois líderes compartilham do conceito de que “quem oferece algum apoio financeiro para a Venezuela pode eventualmente ser alvo de alguma ação econômica para que cesse este apoio”.
Indagado se Cuba pode ser um dos alvos de uma eventual sanção por seu apoio a Maduro, Barros não quis comentar se o país caribenho foi mencionado pelos líderes. De acordo com o porta-voz, o presidente dos EUA teria dito no início do encontro que é preciso “ter paciência” com relação à crise venezuelana: “este tipo de transição leva tempo”. Cinco meses atrás Trump reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. Apesar do endosso norte-americano e de mais algumas dezenas de líderes mundiais, Guaidó não conseguiu tomar o poder de Maduro.
Por sua vez Bolsonaro declarou apoio à campanha de Trump para a reeleição em 2020, e o presidente americano prometeu visitar o Brasil ainda este ano, sem data definida. Não é a primeira vez que o mandatário brasileiro se posiciona com relação a processos eleitorais de outros países: na Argentina ele defende abertamente a vitória de Mauricio Macri.
Acordo do Clima de Paris
Se a reunião com Trump seguiu o rumo esperado, tendo em vista o alinhamento ideológico entre os dois presidentes, a conversa com Macron era cercada de expectativas. Um clima de animosidade se formou entre ambos durante o primeiro dia do encontro do G20, após declaração do líder francês de que não assinaria nenhum acordo econômico entre a União Europeia e o Mercosul, firmado horas depois, caso Bolsonaro abandone o Acordo de Paris. O capitão da reserva já ameaçou fazê-lo algumas vezes. Para reforçar a pressão sobre as políticas ambientais brasileiras, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que teria uma conversa “clara e séria” com Bolsonaro sobre o assunto. O presidente brasileiro, por sua vez, respondeu dizendo que a Alemanha “tem muito a aprender com o Brasil”.
O clima tenso criado entre o mandatário do Brasil e os líderes europeus cresceu ainda mais nesta sexta-feira. Inicialmente a conversa entre os dois líderes, que constava na agenda de Bolsonaro, chegou a ser cancelada. De acordo com a BBC, representantes da diplomacia francesa anunciaram que não havia reunião bilateral marcada entre eles. Isso fez com que o staff bolsonarista anunciasse o cancelamento do encontro, que acabou se realizando horas depois.
Apesar da tensão inicial, o porta-voz brasileiro disse que o encontro com o líder francês foi “amistoso” e “informal” – sem o status oficial de uma reunião bilateral. O general Barros afirmou que Bolsonaro sinalizou que o país deve continuar no Acordo de Paris.
Bolsonaro também fez questão de agradecer o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, por ter detido um sargento de sua comitiva presidencial durante escala em Sevilha. O militar levava 39 quilos de cocaína na bagagem.
Discurso em reunião informal dos Brics
Na manhã desta sexta-feira, o presidente também discursou na reunião informal do Brics, grupo de países que reúne Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul, no Japão. Bolsonaro chamou os outros países do grupo a demonstrarem a capacidade de enfrentar “momentos difíceis e desafiadores” como o que o mundo atravessa atualmente. Segundo ele, desde a crise financeira de 2008, o Brics tem apontado o papel relevante das grandes potências emergentes para a estabilidade e a prosperidade da economia mundial.
Bolsonaro afirmou que, no seu governo, o Brasil reafirmou o apoio ao sistema multilateral de comércio por entender que ele é importante para o desenvolvimento da economia mundial. “A persistência de correntes protecionistas e de práticas econômicas desleais é fonte de tensões comerciais e põe em risco a estabilidade das regras internacionais de comércio”, afirmou.
Em seu discurso, o presidente brasileiro destacou ainda o posicionamento do Brasil de continuar colaborando para a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). Após a reunião, os líderes do Brics divulgaram uma declaração conjunta, na qual se comprometeram, entre outros pontos, com a plena implementação do acordo de Paris, o que ratificou a sinalização de Bolsonaro a Macron de que o Brasil permaneceria no acordo climático.
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